Religiosos em defesa da Vida
"Alcoólicos Anônimos é o milagre do Século XX." (Papa João XXIII).
“Pudesse o espírito que move Alcoólicos Anônimos ser internalizado por outros grupos e pessoas em escala planetária; seguramente não teríamos a guerra, a fome e a miséria.” (Dom Helder Câmara).
A Sobriedade é defendida por líderes religiosos e entendida como valor humano que dignifica as pessoas e contribui para a construção de uma vida plena.
O mundo inteiro acompanhou a visita do Papa Bento XVI nos dias de 09 a 13 de maio. Todos os milhões de brasileiros ouviram, por meios de comunicação as mensagens de fé e otimismo, de reforma e esperança para uma vida melhor. Foi uma retomada de alento e confiança nas autoridades constituídas nos que professa uma religião, mas principalmente nos jovens.
Lembrou com especial carinho, os sofredores afetados pela escravidão das drogas e do alcoolismo. Por isto mesmo, fez questão de incluir em sua agenda, uma visita à obra social Nossa Senhora da Glória, mais conhecida como Fazenda da Esperança em Guaratinguetá – SP.
Saudou com particular afeto Frei Hans Stapel, fundador dessa entidade, como todos que se encontravam em fase de recuperação, aos recuperados, voluntários, famílias e benfeitores.
Mas para muitos, o ponto alto de sua locução foi quando disse:
“Meu pensamento vai agora a muitas outras instituições no mundo inteiro que trabalham para restituir a vida, e vida nova, a estes irmãos presentes em nossa sociedade e que Deus ama com um amor preferencial. Penso também nos muitos grupos de Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos, e na Pastoral da Sobriedade que já trabalham em muitas comunidades, prestando seus generosos serviços em favor da vida.
Na verdade, abençoada é a comunidade que abriga um grupo de recuperação, que tem um grupo de Alcoólicos Anônimos em seu meio. Não foi por acaso que, no Concílio do Vaticano 11, o então Papa João XXIII declarou:
“Alcoólicos Anônimos é o milagre do Século XX.”
O Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns disse em 1995:
“Tive a graça de trabalhar durante sete anos em 11 favelas. Depois, Deus me destinou a ser Bispo em uma grande cidade, onde lutei por quase 30 anos contra o alcoolismo. Cada vez que eu encontro um centro destinado a Alcoólicos Anônimos rezo por eles e procuro incentivar o esforço de animar as pessoas a abandonarem o constante consumo de álcool. É possível curar a doença do alcoolismo. É só procurar os Alcoólicos Anônimos que têm muito jeito de ajudar e guardam segredo da vida dos amigos. Até conheço padres que receberam licença paras celebrar missa com suco de uva, em vez do vinho. Deixaram de beber e hoje são felizes.
Dom Helder Câmara, saudoso arcebispo emérito de Olinda e Recife, ao comen-tar sobre o mal do alcoolismo, disse em 1993:
“Diante desse quadro é reconfortante constatar que existem pessoas fazendo da solidariedade ativa as base da sua relação com o seu semelhante e fazendo-o anonimamente, tomando, sem estardalhaço, com total isenção de outra finalidade que não seja o de prestar um testemunho de confiança e amor à humanidade. Este é o caso de Alcoólicos Anônimos cujo trabalho deve constituir não apenas uma experiência merecedora de reconhecimento e aplausos, mas um exemplo a ser reproduzido nas mais diferentes áreas e campos da ativida-de humana. Pudesse o espírito que move Alcoólicos Anônimos ser internaliza-do por outros grupos e pessoas em escala planetária; seguramente não teríamos a guerra, a fome e a miséria.”
E é verdade, pois, desde o seu aparecimento no dia 10 de junho de 1935 até hoje, funciona em 181 países com mais de 5 milhões de recuperados que reencontraram a paz, a felicidade, a liberdade e mais que isto: Encontraram Deus. E entre essa multidão de gente, quantas famílias convivendo novamente num espírito de alegria, de bem com a vida, com a sociedade? E entre estas pessoas, quantas eram descrentes, ateus, céticos, agnósticos, e hoje vivem uma vida de profunda espiritualidade?
Espiritualidade não imposta, mas adquirida livre e espontaneamente, visto aceitarem a intervenção e a manifestação de um Poder Superior que os amou e ama realmente e que hoje chamam de Deus, que é o Pai.
Este é o milagre do século XX que perdurará até que este Deus amigo e fiel quiser.
Aqui, meu caro portador da doença do alcoolismo, você terá a sua chance, pois A.A. é uma irmandade sim! Irmãos que compreendem, se ajudam mutuamente, irmãos que se amam com o amor mais puro, não interesseiro.
Alcoólicos Anônimos não combate o álcool; não é contra a bebida alcoólica, mas apenas alerta sobre o mal que esta produz e indica o caminho da sobrie-dade.
Assim como para o bom Samaritano, o principal para nós é salvar vidas. Não nos preocupamos com os que causam o mal.
Fonte: Revista Vivência nº 110