Dr. Bernard

Dr. Bernard Smith

Este advogado de New York serviu como Custódio e Presidente da Junta de Serviços Gerais de 1951 a 1956.

Sua imensa boa vontade e ajuda direta foram indispensáveis para o progresso de A.A.  Em 1955 proferiu a palestra a seguir por ocasião do Vigésimo aniversário de A.A

Há pouco tempo, eu estava voando sobre os desertos de nosso sudoeste. Aqui e ali, saindo quase do nada, havia pequenos trechos viçosos de vegetação, rodeados de enormes extensões de deserto pardo, sem vida. Comecei a pensar nas grandes fontes d’água situadas nesse grande deserto que, se drenadas, levariam o deserto inteiro a florescer.

E pensei que Deus fornece a água, mas temos que cavar os poços. Comparei aqueles trechos viçosos, verdes, com os grupos de A.A. onde, com a fé extraída dos Doze Passos, cavamos os poços que fizeram com que os trechos no deserto da vida florescessem. E refleti que temos aprendido que nós, sozinhos, não poderíamos transformar o deserto no qual vivíamos; não poderíamos cavar aqueles poços sozinhos, porque em A.A. o todo é verdadeiramente maior do que a soma de todas as suas partes.

Os grupos desta Irmandade extraem, de cada um, muito mais do que qualquer um sozinho pode dar. Cada um, por sua vez, extrai do reservatório espiritual da Irmandade a coragem e a vontade, as quais os fazem mais fortes e a Irmandade maior.

As verdades que emergem de uma sociedade materialista são determinadas, em certas ocasiões, a ser paradoxais. Consideremos, por exemplo, esta simples afirmação:

"Eu sou um alcoólico."

A primeira vez que um homem ou uma mulher põe-se diante de nós e diz: "Eu sou um alcoólico", ele/ela pronuncia essas palavras quando já não está tomando bebida alcoólica. Assim, quando chega o momento em que os membros se descrevem como alcoólicos, a sociedade deixa de olhá-los assim. Mas é somente no momento em que um membro para de beber que ele afirma ter o direito de descrever-se como um alcoólico.

Quando os alcoólicos vivem de forma materialista e bebem excessivamente, eles recusam aceitar a qualificação de "alcoólico". Mas quando eles param de beber e dizem para si mesmos e para o mundo, "Nós somos alcoólicos", o mundo recusa-se a vê-los assim.

O que um mundo irrefletido pode considerar como derrota, os alcoólicos em A.A. conhecem como um triunfo do espírito, um triunfo de humildade sobre o falso orgulho e o egocentrismo. Poucos seres humanos, em qualquer ocasião, têm a coragem de colocar-se diante de seus semelhantes e, com humildade, descrever-se verdadeiramente, dizendo:

"Isso é o que eu realmente sou."

Há dois momentos em que a declaração das palavras: "Eu sou um alcoólico" tem um grande significado.